A Carta que nunca te entreguei...

Esta carta foi escrita em 2003 mas acabou por nunca ser entregue ao seu destinatário. Por falta de coragem minha, confesso.
Recentemente acabei por lhe dizer aquilo que a seguir descrevo, ainda que por outras palavras. Mesmo assim fiquei com a sensação de que ainda tinha muito mais para lhe revelar.
Ele sabe da existência deste Blog embora não saiba o endereço. Se por ironia do destino ele alguma vez o descobrir talvez esta carta seja finalmente entregue...

Meu Querido!

Provavelmente quando encontrares esta carta vais estar a pensar se não é mais uma das minhas cartinhas mágicas, perfumadas e escritas em papel cor-de-rosa. Mas não! Desta vez é uma carta de despedida. Escrevo-te porque sei que pessoalmente não teria coragem de te dizer o que a seguir escrevo.

Não sei por onde começar… Mas há já algum tempo existe um sentimento novo em mim a teu respeito… Ao escrever esta carta sinto os meus olhos a encherem-se de lágrimas porque sei que são horas de te dizer que vou partir da tua vida. Custa muito dizer adeus quando se ama alguém da maneira que eu te amo.

Dou comigo a tentar recordar tudo acerca de cada momento que passei contigo. Constato que não me arrependo nem por um segundo cada minuto que passei ao teu lado.

Escrevo-te porque descobri que sofro de uma famosa doença psicológica chamada “aegritudo amoris”. Estou doente, dessa doença tão doce que tanto se parece com a loucura. Há muito que esta doença faz o meu corpo dominar a razão, deixando de obedecer às minhas ordens e encher a minha alma de sensações estranhas. É triste o destino de uma pessoa apaixonada que sabe não ser correspondida.

O facto de gostarmos de alguém seja por amizade ou por amor às vezes contraria toda a lógica do mundo. Gostamos e pronto! Porquê? Ninguém consegue explicar!

Não sei se alguma vez te disse mas para mim és único e especial! Tens a capacidade de me surpreender, sabes brincar com o prazer e acima de tudo sempre respeitaste os meus desejos e limites. És uma pessoa bela em todos os sentidos da palavra.

Desculpa se alguma vez não correspondi às tuas expectativas, e espero que possas guardar com igual carinho as recordações do tempo que estivemos juntos.

Ultimamente estar ao teu lado tornou-se perigoso para mim, porque o que sinto por ti começou lentamente a fugir do meu controlo.

Quando comecei a andar contigo não estava à espera de me apaixonar por ti desta maneira… mas as coisas descontrolaram-se (como se fosse possível alguém controlar o amor!!!!).

Sei que gostas muito de mim, mas já não me deixo levar por ilusões. Não me amas do jeito que eu preciso e quero ser amada. Não imaginas como me custa dizer-te isto. Vou sentir tanto a tua falta...

Eu sou capaz de adiar um prazer imediato em prol de algo maior que tenho a certeza que aparecerá mais tarde, tudo porque sempre estabeleci objectivos na minha vida independentemente dos outros os criticarem.

Sei que algures por aí deve andar aquela pessoa especial que vai marcar a diferença. Sei que vou sofrer durante uns tempos. Mas um pouco de sofrimento faz bem, ajuda-nos a dar mais importância aquilo que realmente importa. Acima de tudo ajuda-nos a crescer. Com o tempo tudo passa e fica apenas a boa recordação dos bons momentos vividos.

Depois desta revelação espero que me possas perdoar por não te ter dito o que penso pessoalmente. Mas eu conheço-me bem. Tudo o que mexe com o coração torna-me demasiado sensível, não seria capaz.

Um conselho: Ama muito… desejar é bom mas amar é ainda melhor. O amor é o sentimento mais belo que existe e não devemos jamais matá-lo dentro de nós… Com esta ideia me despeço desejando-te tudo de bom…

Vemo-nos por aí… porque o mundo é demasiado pequeno para não nos voltarmos a encontrar.

Um beijo perdidamente apaixonado…